sábado, 7 de março de 2009

Ver vendo

Oi pessoal, como estão?

Eu já estava com saudades...risos.

Queria dar continuidade ao tema anterior. Esqueci de falar para vocês que depois de algum tempo e experiência tenho uma melhor desenvoltura com as crianças que são portadoras de deficiências. Graças as informações,cursos e pessoas que me passam suas experiências profissionais e minhas experiências.

Eu estava pesquisando um brinquedo educativo. Fui parar no site da Xalingo e lá, vi o site da AACD. Li algo que me chamou a atenção. É, dificilmente paramos para nos observar, observar o que está ao nosso redor e o quanto perdemos com isso. Olhamos por olhar... Quantas vezes você olhou as horas em seu relógio de pulso e segundos depois alguém lhe pergunta a hora e você olha novamente e responde correndo. Ué, se os minutos não passaram você poderia perfeitamente se lembrar do momento que olhou da primeira vez e falar...mas a nossa falta de atenção e de um olhar aguçado nos torna cegos para as belezas do mundo.



"De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.

Parece mais fácil mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que viu no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe um bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua face? Sua voz? Como se vestia? Não faz a mínima ideia. Em 32 anos nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo seu rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa o que quer ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, o que de tão visto, ninguém vê. Há pai que não vê o próprio filho. Marido que não viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no cotidiano, opacos. É por aí que se instala o monstro da indiferença."

Paulo Almeida.

Yorranna da Costa